https://youtu.be/kEBy9vVSst8
Cultura, história e religiosidade. Estes três ingredientes estão reunidos no tradicional Encontro de Canoas que se repete neste sábado (29), no município de Tietê. Realizada há 179 anos, nas águas do rio paulista mais famoso – cujo nome foi adotado pela cidade –, sempre no último sábado do ano, a celebração se mantém como manifestação popular mais antiga da Região Metropolitana de Sorocaba. O evento mescla demonstrações de pura devoção cristã com aparatos de som e imagem, resultando em um espetáculo que conquista um número maior de turistas a cada edição. Em 2017, por exemplo, os organizadores da festa estimaram a presença de 5 mil pessoas às margens do rio e nos demais locais onde cerimônia se desenrola.
Folclore e religiosidade
A encenação faz parte da Festa do Divino, uma das principais manifestações folclórico-religiosas do interior paulista. Às 17h30, aproximadamente, dois grupos, cada um com 60 festeiros vestindo calças e camisas brancas, cintos vermelhos e gorros azuis, saem em procissão da Igreja Matriz da Santíssima Trindade, na Praça Dr. Elias Garcia, no centro da cidade, empunhando bandeiras e remos. O prestito segue na direção do rio, pelas ruas apinhadas de devotos e visitantes.
Cada grupo embarca em seis barcos e um batelão, rumando para diferentes direções, simulando a movimentação dos antigos moradores da cidade no período em que o rio constituía a única via de acesso ao lugar. Impelido pela força dos remos, um grupo sobe o rio enquanto o outro desce. Por volta das 18h, ambos dão meia-volta, para convergirem nas proximidades da Ponte dos Arcos.
Neste momento, tiros de trabuco, disparados das margens por atiradores especializados, anunciam o encontro. Em seguida, acontece a soltura de pombas e a queima de fogos. Os estampidos são tão fortes que acabam disparando alarmes de carros estacionados nas proximidades e também de casas das vizinhanças. Por conta disso, todos os anos, as autoridades do município pedem a compreensão dos moradores e dos visitantes, para que o inconveniente não acabe por interromper o curso da história.
Após o encontro é celebrada missa campal na Praça do Divino, presidida neste ano pelo padre Evandro Luiz Zanardo Paulim. A programação tem sequência com a procissão que segue até a Igreja Matriz de Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Paraíso. A Bandeira e o Andor do Divino Espírito Santo ficam expostos neste local.
Ainda neste sábado, a partir das 19h30, no salão de festas da Matriz de Nossa Senhora Aparecida acontecem uma quermesse e o leilão de prendas.
Ainda neste sábado, a partir das 19h30, no salão de festas da Matriz de Nossa Senhora Aparecida acontecem uma quermesse e o leilão de prendas.
Marinaldo Cruz
Fé derrota a febre amarela
A Festa do Divino de Tietê teve início durante uma epidemia de febre amarela que matou muitas pessoas. Religiosos rogaram ao Divino Espírito Santo, para que cesse a doença. Em troca, eles prometeram relembrar o milagre todos os anos com uma festa dedicada à Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. A fé da população venceu e a promessa continua sendo cumprida. Conta-se que os tieteenses deixaram de realizar as comemorações durante alguns anos, fazendo com que a febre voltasse. Porém, a festa foi retomada e a ameaça desapareceu.
O encontro das canoas é um dos eventos das comemorações, acontecendo no último sábado do ano como uma alusão ao fato de que na época a cidade ficou em quarentena e o único meio de transporte era o rio Tietê.
SERVIÇO – Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (15) 3285-8755 e no site da Prefeitura Municipal de Tietê.
Esta reportagem foi feita pelo jornal O cruzeiro do Sul.
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